Poemas - A INGRATIDÃO QUE É SEMPRE TODO O ESQUECIMENTO

Poemas - A INGRATIDÃO QUE É SEMPRE TODO O ESQUECIMENTO


A INGRATIDÃO QUE É SEMPRE TODO O ESQUECIMENTO
[Saboeira(saponária officinalis L.).Lindoso, Ponte da Barca, 2013]

Depois de, há milhares de anos, Hipócrates se ter inclinado diante da virtude das suas raízes, a saboeira pos-se a percorrer mundo: deixou o conforto dos jardins onde era acarinhada, fez companhia ao curso dos ribeiros e aventurou-se pela berma dos caminhos, a ver se alguém a olhava e dela se lembrava. Entre máquinas, champôs e fármacos, já ninguém a quer para fortalecer os cabelos, embelezar a pele ou estimular as funções do fígado, e nem as mais humildes lavadeiras a têm presente na falta de sabão. Contra o rio do esquecimento, aqui fica a singela homenagem do fotógrafo ao seu estrelado rosa claro e às antenas dos seus estames a perscrutar o silêncio dos céus e do tempo.

Fonte: Norteando, Amadeu Ferreira e Luís Borges
Editora Âncora

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