História - As Alminhas

História - As Alminhas


Sumariamente, são pequenos púlpitos de devoção popular. De um modo geral, e baseando-nos apenas numa perspectiva cristã, simbolizam as almas que esperam ser purificadas e anuladas dos seus pecados no Purgatório, antes de se elevarem, levadas por anjos, ao espaço de Deus.Portanto as Alminhas estão normalmente ligadas à morte de alguém, ou de um conjunto de pessoas. Serviriam assim para que os vivos, rezando ajoelhados perante elas ou dando-lhes uma esmola pelas almas, pudessem ajudar entes queridos a chegar ao céu.Numa outra perspectiva, tornam-se uma fonte de rendimento da igreja, que consegue reunir alguma maquia com base na existência de um espaço entre o céu e o inferno, o que não invalida a devoção que o povo faz por idolatria a determinados objectos.


No entanto, se quisermos aprofundar o seu significado histórico, poderemos chegar a outras conclusões, que nem sequer têm de refutar o significado que dei em cima. Há quem veja nos marcos romanos, de ordenamento territorial, uma primeira semente para o que as Alminhas são hoje.E há ainda uma teoria que defende uma origem pagã, votiva a antigos Deuses, que conta com apoiantes de renome, como Leite de Vasconcelos e Moisés Espírito Santo, e portanto de origem pré-Romana.Sabemos que nesses tempos, os da Europa tribal ou imperial-romana, havia certos pontos de comunicação entre o povo e os Deuses. No caso de Roma e do seu vasto território, esses pontos estavam situados cá fora, junto à plebe, porque os templos, sendo a residência das Divindades, estavam reservados a uma certa elite protegida do Império.Eram sítios onde o agricultor ou o viajante vinha pedir orientação ou sorte aos Deuses Lares (foto em cima) no que dizia respeito ao cultivo das suas terras ou à boa fortuna da sua viagem.Ora, esses objectos votivos que se encontravam nos caminhos eram, essencialmente, o genius loci, o elemento distintivo e sagrado de um sítio, e que mais tarde resultaram nas Alminhas e nos Cruzeiros.Quer as Alminhas, quer os Cruzeiros, eram, assim, uma cristianização desses antigos marcos de oração pagãos e a cristianização dava-se pela substituição do culto – se num caso se apelava às Deidades dos caminhos e das casas, no outro, já com Cristo na dianteira, rezava-se a novos dogmas cristãos, como a Paixão de Cristo ou a Encomendação das Almas.



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