Poema- Livro Norteando
Ninguém hoje sabe de quão longe e quanto tempo caminhou este homem serra acima, serra abaixo, os olhos desfeitos no nevoeiro da lonjura e do cansaço, pois a rocha apenas lhe modelou para sempre a serenidade dos que nunca desistem e já nada perturba, tal como o gesto de emprestar as costas a alguém que como ele se finou, gesto que continua a valer só por si, que a solidariedade é sempre um ponto de chegada: milhões de anos depois, um fotógrafo atento continua a descobrir o que já sabíamos, mas sempre esquecemos: as serras são um espaço sagrado também povoado de gestos, passos, medos, vidas e lutas que vão muito para além do que o tempo na pedra conseguiu esculpir .
Fonte: Norteando, Editora Âncora, Amadeu Ferreira, Luís Borges
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